Seguindo os passos de Johnny Campbell, nas décadas seguintes, o conceito de Cheerleading e sua cultura de entretenimento em jogos se espalhou para outros eventos esportivos universitários nos Estados Unidos e também para escolas de ensino médio.

Através da expansão da Cheerleading, novas técnicas foram desenvolvidas para entreter e motivar ainda mais as multidões, e o uso de sinais, bandeiras, megafones, pompoms, movimentos de braço, truques simples de elevação em duplas e habilidades de queda também foram adicionados, para melhorar o desempenho e eficácia dos atletas Cheerleading.

Com a crescente popularidade da Cheerleading, dois indivíduos foram fundamentais para começar outra versão da Cheerleading projetada para entreter também as multidões de eventos esportivos escolares. Parcialmente inspirado pelos estilos de marcha populares dos cadetes do Reserve Military Officer Training Corps na época, e também como uma iniciativa para incluir mais atletas do sexo feminino no ambiente de eventos esportivos; um novo estilo chamado “Drill Team” foi criado. Os dois indivíduos creditados para formar esta nova disciplina de Cheer foram Kay Teer Crawford e Gussie Nell Davis, ambos localizados no Texas, centro-sul dos EUA.

Enquanto estudante na Edinburg High School em Edinburg, Texas, EUA, em 1929, Kay Teer Crawford fez um teste e ganhou uma vaga na equipe de Cheerleading do ensino médio, no entanto, muitos de seus colegas de escola não fizeram parte do time. Então, em 1930, a Sra. Crawford criou um novo estilo de torcida envolvendo os mesmos atletas da Cheerleading, mas em um estilo diferente / complementar. Misturando o Cheerleading com o popular estilo militar de chute alto (High Kick) da época, em 1930, a Sra. Crawford apresentou pela primeira vez as “Seargenettes” da Edinburg High School em uma apresentação com acompanhamento da banda da escola durante o jogo. A disciplina do Cheer “Performance Cheer High Kick” estava em andamento.

Na mesma década, o professor de educação física do ensino médio do Texas, Gussie Nell Davis, que tinha experiência significativa em educação musical e também em Cheerleading, foi contratado pelo Kilgore College para formar uma equipe feminina para se apresentar e entreter as multidões nos eventos esportivos do Kilgore College. O foco era apresentar e entreter a multidão durante os intervalos do jogo. Em um estilo semelhante aos Seargenettes da Escola Secundária de Edimburgo, de Kay Teer Crawford, Davis estava procurando começar algo diferente que envolvesse mais atletas do sexo feminino, em um estilo de chute alto (High Kick) que atuasse em coordenação com a banda musical oficial da escola.

Em 1939, no jogo de futebol americano do Kilgore College, Gussie Nell Davis apresentou o Kilgore College “Rangerettes”. As Rangerettes foram um sucesso instantâneo, rapidamente se tornando famosas e altamente solicitadas para apresentações em inúmeras funções nos EUA e ao redor do mundo, espalhando ainda mais o estilo Performance Cheer High Kick. O novo estilo cresceu rapidamente em popularidade e novas equipes estavam sendo estabelecidas em escolas e universidades além das tradicionais equipes de Cheerleading. Essas novas equipes também estavam adicionando estilos de Performance Cheer, oferecendo mais variedade e entretenimento para o público.

Os “pompons” ou “poms” portáteis, já populares entre as equipes tradicionais, também se tornaram parte de muitos conjuntos de Cheerleaders. O estilo “Performance Cheer Pom” passou a ser amplamente utilizado em quase todos os eventos esportivos.

No início da história do esporte, e mesmo com o lançamento do Performance Cheer na década de 1930 envolvendo muitas atletas do sexo feminino, a maioria das Cheerleaders nos EUA era composta por atletas do sexo masculino. No entanto, quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial em 1941, muitos homens foram enviados à guerra, e o Cheer passou a ser praticado, em sua maioria, por mulheres — cerca de 85% —, proporção que permanece até os dias de hoje.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Cheer foi dominado pela participação de atletas do sexo feminino e, após a guerra, o crescimento contínuo e a alta popularidade da modalidade levaram à necessidade de mais educação sobre o Cheerleading para atletas nos Estados Unidos.

Em 1949, Lawrence “Herkie” Herkimer — ex-cheerleader da Texas High School e da Texas University, então estudante de graduação na University of Illinois — foi convidado a administrar uma clínica educacional de Cheerleading no Texas Teachers College. A primeira clínica foi conduzida para 52 cheerleaders e, devido ao sucesso, a segunda edição contou com 350 participantes, demonstrando a crescente demanda por formação técnica em Cheerleading.

Lawrence “Herkie” Herkimer fundou então a National Cheerleaders Association (NCA) para disseminar o ensino de forma estruturada em todo o país. A NCA rapidamente passou a capacitar dezenas de milhares de cheerleaders nos EUA, promovendo avanços técnicos como a versão moderna dos poms, evolução nas acrobacias de elevação, técnicas de torcida aprimoradas e a introdução do salto “Herkie”, que se tornou a marca registrada da organização.

Com a demanda contínua e urgente por mais educação em Cheerleading, outras organizações foram rapidamente fundadas nos Estados Unidos. Entre elas, destaca-se a United Spirit Association (USA), criada por Robert Olmstead na Califórnia em 1950. A USA foi pioneira ao iniciar os famosos shows de Cheer durante os intervalos dos jogos da NFL, contribuindo significativamente para a popularização do esporte no ambiente profissional.

Já em 1967, a Dra. Kay Crawford — pioneira do estilo High Kick — fundou a Miss Drill Team USA, também na Califórnia, com o objetivo de promover ainda mais o Performance Cheer em âmbito nacional. Essas iniciativas abriram caminho para diversas outras organizações de ensino e treinamento em Cheerleading, cada uma contribuindo com novas ideias, estilos e formatos para o crescimento técnico e artístico do esporte em todo o país.

Em 1974, Jeff Webb — creditado como o fundador do Cheerleading moderno — fundou a Universal Cheerleaders Association (UCA). Ex-líder de torcida da Universidade de Oklahoma, instrutor chefe e vice-presidente da NCA, e atual presidente da ICU, Webb tinha como objetivo principal elevar ainda mais o nível atlético do Cheerleading.

A UCA foi criada para desenvolver novas habilidades, refinar técnicas de torcida e transformar o Cheerleading em uma forma de entretenimento de alto nível durante eventos esportivos. Sua abordagem progressiva, focada em performance, segurança e competição, ajudou a estabelecer os pilares do que conhecemos hoje como Cheerleading competitivo moderno.

Através dos esforços de Jeff Webb e da Universal Cheerleaders Association (UCA), uma nova geração de habilidades de Cheerleading foi rapidamente desenvolvida. Entre as contribuições mais marcantes estão o aprendizado progressivo, a implementação de regras de segurança e a introdução de técnicas que se tornaram a base do Cheer moderno, como Liberty, Elevator, Basket Tosses, Toss Stunts e uma enorme variedade de pirâmides avançadas.

Durante os acampamentos universitários promovidos pela UCA, que incluíam demonstrações coreografadas com acompanhamento musical, surgiu o conceito de rotinas competitivas de Cheerleading. Em 1982, Jeff Webb levou esse formato para a televisão nacional através da ESPN. A transmissão das competições impulsionou a popularização do esporte, espalhando o Cheerleading competitivo por todos os Estados Unidos — e, em pouco tempo, pelo mundo.

Paralelamente à crescente popularidade do Cheerleading e do Performance Cheer nos Estados Unidos na década de 1970, a cultura urbana e o movimento hip hop também ganhavam força. Nesse contexto, escolas metropolitanas começaram a introduzir um novo estilo de torcida chamado Urban Cheer.

O Urban Cheer apresentou uma abordagem diferente, fortemente influenciada pela cultura hip hop e pelo estilo vibrante das bandas musicais escolares. Com coreografias marcantes, ritmos contagiantes e apresentações energéticas muitas vezes realizadas em conjunto com bandas escolares, esse estilo se espalhou rapidamente pelos EUA.

Até hoje, o Urban Cheer continua a crescer em popularidade e exerce uma influência significativa sobre todos os estilos de Cheerleading e Performance Cheer, agregando diversidade, identidade cultural e potência artística às rotinas de competição e entretenimento.

Ao longo dos anos 1970 e 1980, o Performance Cheer — especialmente nas modalidades High Kick e Pom — continuou a se expandir rapidamente por todos os Estados Unidos, impulsionado pela crescente demanda por entretenimento em eventos esportivos, especialmente em ambientes internos como os jogos de basquete.

Com isso, atletas de Performance Cheer passaram a incorporar novos estilos às apresentações, como o Jazz e o Hip Hop, além dos tradicionais High Kick e Pom. Essas inovações logo seriam incluídas nas competições de torcida transmitidas pela ESPN, enriquecendo ainda mais a diversidade de estilos e coreografias no cenário competitivo.

As líderes de torcida de basquete tornaram-se ícones da cultura esportiva, reconhecidas por usarem as camisetas de seus times durante as apresentações de intervalo em estilo Hip Hop — algo que permanece até hoje em apresentações esportivas tanto no basquete quanto no futebol americano e outros eventos.

Com a distribuição global das transmissões dos Campeonatos de Cheerleading pela ESPN e a crescente demanda por entretenimento em eventos esportivos, o interesse pelo Cheerleading ultrapassou fronteiras e passou a se expandir em diversos países ao redor do mundo.

Durante essa década, o esporte começou a ser adotado oficialmente por equipes e federações em países como Japão, Chile, Alemanha, Reino Unido, Finlândia, Suécia, Noruega, entre muitos outros. Essa expansão internacional marcou o início da consolidação do Cheerleading como um fenômeno esportivo global, indo muito além do ambiente escolar e universitário norte-americano.

O crescimento explosivo do Cheerleading nos Estados Unidos levou à sobrecarga do modelo escolar e universitário (Scholastic Cheer), com a enorme demanda de novos atletas. Como resposta, surgiram os programas All Star — academias e centros esportivos privados voltados exclusivamente para o ensino e o treinamento de Cheerleading competitivo.

Paralelamente, o esporte passou a ser inserido também em ligas recreativas multiesportivas dentro de clubes comunitários, tornando-se acessível a mais atletas e regiões. O Cheer atingiu um ponto crítico: milhares de competições eram realizadas em todos os estados dos EUA quase todo final de semana, evidenciando sua enorme popularidade.

Em 2003, foi fundada a United States All Star Federation (USASF), com o objetivo de organizar e padronizar as regras do All Star Cheerleading e administrar o Cheerleading Worlds — o campeonato mundial para as melhores equipes dos EUA.

O evento rapidamente atraiu o interesse internacional e passou a contar com equipes de outros países, levando à criação da International All Star Federation (IASF), que passou a compartilhar a organização do campeonato.

Em 2004, com o objetivo de organizar o esporte em nível global, foi fundada a International Cheer Union (ICU). A primeira reunião da entidade aconteceu em 26 de abril de 2004, em Orlando (Flórida), com 13 federações nacionais presentes. A ICU foi criada para apoiar o crescimento do Cheerleading e Performance Cheer no mundo todo, impulsionar o reconhecimento institucional do esporte e lançar o Campeonato Mundial ICU para Seleções Nacionais.

Desde sua fundação em 2004, a International Cheer Union (ICU) cresceu rapidamente e passou a representar oficialmente o Cheerleading competitivo e performático em nível internacional. A entidade reúne atualmente mais de 100 federações membros em todos os continentes, sendo reconhecida como a autoridade máxima do esporte no mundo.

A ICU promoveu a educação técnica em mais de 90 países, estabeleceu campeonatos continentais e regionais e implantou políticas globais de antidopagem ao se tornar signatária da WADA (Agência Mundial Antidoping), fortalecendo o compromisso com a ética esportiva e com a credibilidade institucional.

Essa atuação consolidou o Cheerleading como um esporte organizado, acessível e praticado globalmente, em vias de alcançar os mais altos níveis de reconhecimento olímpico.

Com o crescimento da ICU e do Cheerleading ao redor do mundo, em 2009 a entidade submeteu oficialmente sua candidatura ao SportAccord / GAISF — a federação internacional dos esportes reconhecidos. Em 2010, a ICU enviou também sua primeira solicitação formal de reconhecimento ao Comitê Olímpico Internacional (COI), marcando o início da caminhada rumo à inclusão olímpica.

Paralelamente, em 2011, a USA Cheer — órgão nacional dos EUA — criou uma nova disciplina de competição universitária chamada STUNT. Esse formato permite que duas equipes compitam entre si em quatro rodadas distintas, com foco em execução técnica e comparativo direto, atendendo à exigência de estrutura esportiva para bolsas de estudos universitárias.

Nesse mesmo período, a ICU e a USA Cheer também desenvolveram a modalidade Game Day, focada em rotinas performáticas que simulam situações reais de torcida, aproximando a prática esportiva competitiva da atmosfera tradicional de apoio aos jogos.

Entre 2013 e 2016, a ICU foi sendo oficialmente reconhecida como entidade reguladora do Cheerleading: tornou-se membro do SportAccord / GAISF em 2013, integrou a Federação Internacional do Esporte Universitário (FISU) em 2014, e foi provisoriamente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 2016 — um marco histórico para o esporte.

Através dos inúmeros desenvolvimentos ao longo dos últimos 100 anos, o Cheerleading e o Performance Cheer continuam a se expandir e prosperar como modalidades completas, acessíveis e reconhecidas em escala global.

Milhões de atletas, de todos os continentes, praticam Cheerleading em suas diversas formas — desde o Game Cheer (voltado para o apoio esportivo em jogos) até o Cheerleading Competitivo e o Game Performance Cheer. O esporte é destaque anualmente no Campeonato Mundial de Cheerleading da ICU, além de competições continentais, regionais e nacionais que mobilizam atletas de todas as idades, níveis e estilos.

Com base sólida construída por décadas de evolução, o Cheerleading segue se fortalecendo como um verdadeiro estilo de vida, promovendo inclusão, expressão artística, trabalho em equipe e excelência técnica — com o olhar voltado para o futuro e, quem sabe, para os Jogos Olímpicos.

No Brasil, o Cheerleading foi introduzido oficialmente em 2008 pela Comissão Paulista de Cheerleading, com equipes inicialmente vinculadas à Liga Paulista de Futebol Americano. Com o passar dos anos, o esporte cresceu e se estruturou nacionalmente, sendo atualmente representado pela Confederação Brasileira de Cheerleading Desportivo (CBCD), reconhecida pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e afiliada à International Cheer Union (ICU).

Apesar de recente, o Brasil participa do Campeonato Mundial da ICU desde 2015, por meio das Seleções Nacionais de Cheerleading. Desde então, o país vem se consolidando no cenário internacional, com crescente número de atletas e equipes em todas as regiões.

Em 2019, o Brasil conquistou suas primeiras medalhas internacionais no Campeonato Pan-Americano realizado na Costa Rica. Já em 2023, no Campeonato Mundial de Cheerleading em Orlando (EUA), o país garantiu suas primeiras medalhas em Mundiais com as Seleções Sênior Mista e Júnior Mista, marcando um capítulo histórico na trajetória do esporte nacional.